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O que fazer durante uma queda de mercado

Durante uma queda do mercado é importante saber o que fazer para que decisões precipitadas não sejam tomadas.

A princípio, vale ressaltar a “aversão a perda”, um importante viés que explica porquê alguns investidores perdem grandes oportunidades, principalmente em um mercado em queda.

Explorando esse viés, é importante compará-lo com o modo tradicional de se mensurar riscos e perdas. Enquanto o modo comum de encarar as finanças se baseia na aversão que o investidor tem ao risco, as finanças comportamentais mostram que o investidor, na verdade, tem aversão a perder seu dinheiro.

A teoria do prospecto, que será apresentada a seguir, mostra bem esse movimento psicológico de aversão a perda.

O que fazer durante uma queda de mercado: Sobre percepção de valor

Para ilustrar a teoria do prospecto, abaixo vemos a sua função. Ela destaca como a percepção de perda (abaixo do eixo horizontal) é maior do que a percepção de ganho (acima do eixo horizontal) quando a propensão ao risco vai do ganho até a perda.

O que fazer durante uma queda de mercado
Função valor na teoria do prospecto.
Fonte: VASCONCELOS, Adriana; ANTUNES, Gustavo; AUGUSTO, César. (2014).

Para tornar essa ilustração ainda mais clara, vejamos um exemplo:

Arthur possui R$ 1.000.000 em investimentos arrojados. Após 2 anos, viu seu patrimônio crescer 30%. Logo, seus investimentos saltaram para R$ 1.300.000,00.

Vejamos agora o exemplo de Napoleão:

Considerando-se um investidor arrojado, Napoleão busca expor seu patrimônio de R$ 1.000.000 em investimentos do seu perfil. Porém, o mercado passou por 2 anos bem difíceis e Napoleão acabou acumulando 23% de perdas nesse período. Assim, ao cabo desse período ele ficou com um valor final de R$ 770.000.

Não é difícil perceber que a sensação de perder 23%, provavelmente, provoca sentimentos mais intensos de raiva e frustração do que o sentimento de alegria ao ver o patrimônio subir 30%.

Recuperação de perdas: um árduo processo

A saber, o quadro abaixo explica, em parte, essa aversão maior à perda do que ao risco propriamente.

Ademais, na coluna à esquerda temos o percentual de queda e, à direita, vemos o percentual que o investimento deve alcançar para chegar no patamar anterior à queda original. Em outras palavras, chegar ao ponto de equilíbrio inicial.

Dessa forma, pegando uma das linhas como exemplo nós temos que para recuperar uma queda de 50% se faz necessária uma performance de 100%.

Sobretudo, dado o efeito exponencial dos juros compostos, quanto mais a queda, apresentada na primeira coluna, se acentua, tanto maior é a disparidade entre os percentuais apresentados em ambas as colunas.

O que fazer durante uma queda de mercado
Percentual para chegar ao ponto de equilíbrio após uma queda.
Fonte: Acervo Pessoal (2023)

Portanto, vemos que o comportamento dos investidores e as informações financeiras parecem sugerir o quão difícil é para o investidor lidar com a perda de seus investimentos. Todavia, há de se fazer algumas considerações antes de se tomar qualquer decisão.

O que fazer durante uma queda de mercado: 6 considerações necessárias

Após as explicação dos aspectos comportamental e técnico, partimos para as considerações do que deve ser feito, na prática, quando temos um queda de mercado.

1) Isto é esperado

Ao clicar nesse link você pode conferir um estudo apresentado pela Capital Group que mostra a história dos declínios do principal índice de ações dos EUA: O S&P 500 Index.

Fazendo a devida tradução para o português, vemos como o índice se comportou nos últimos 70 anos em relação a alguns patamares de queda, a frequência com que elas ocorreram e a duração média até a recuperação.

O que fazer durante uma queda de mercado
Uma história das quedas (do original “A history of declines”) do índice S&P500.
Fonte: Capital Group (2023)

A principal mensagem que esse quadro nos passa é que, estatisticamente falando, o mercado sempre terá correções. Logo, é esperado que haja quedas, ora mais leves ora mais intensas. Além disso, vemos que o mercado se recupera após tais quedas, dado que a duração das correções tem prazo para acabar.

Portanto, ao invés de ter uma visão pessimista, os dados apresentam janelas de oportunidades para comprar ativos, atuais ou novos, que estão descontados. Ainda, se optar por não mexer em suas posições, vale a reflexão de que as quedas são recuperadas logo após algum tempo.

Por mais dolorido que seja ver seu patrimônio financeiro cair, sempre há um “vale” e o mercado se recupera.

2) Um portfólio diversificado não cai na mesma intensidade do mercado

A imagem abaixo mostra um comparativo, do ano inteiro de 2020, entre os retornos de dois índices muito acompanhados: o Índice de hedge funds da Anbima (IHFA) e o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (IBOVESPA).

A saber, o IHFA faz a ponderação dos retornos dos principais fundos multimercados, os quais nos fornecem uma boa noção de como um portfólio diversificado em várias estratégias (ações brasileiras, ações internacionais, juros, moeda, renda fixa corporativa, entre outros) se comporta ao longo do tempo.

Logo que a pandemia é decretada, em março de 2020, o mercado de ações derrete e chega a cair quase 50% em relação ao começo do ano. Enquanto isso, o IHFA cai “apenas” 10% e logo se recupera. Por fim, ambos os índices fecham o ano no positivo, com o IHFA bem à frente do IBOVESPA.

Assim, percebemos que a diversificação foi fundamental para atenuar a oscilação dos ativos e assegurar um retorno positivo mesmo no difícil ano de 2020. Em síntese, aquela velha máxima de “Não por os ovos da mesma cesta” encontra um respaldo na realidade.

Por consequência nós constatamos que, mesmo em uma queda forte nos principais mercados, o seu portfólio diversificado pode não ter sofrido na mesma intensidade.

Comparativo IHFA e IBOVESPA.

3) Não é a hora de vender

Sabe-se que nenhum profissional de investimentos ou investidor individual consegue prever a melhor época para sair ou entrar no mercado. Somado a isso, é da nossa natureza impaciente buscar vender o ativo quando ele está próximo do seu menor nível.

Ainda que fosse possível sair logo no começo da queda, você ainda teria que prever o melhor momento para voltar ao mercado – previsão que você ou o profissional que te assessora, dificilmente, acertaria.

4) O prejuízo só se concretiza na venda

A perda momentânea só se torna um prejuízo quando você vende a posição. Por isso é importante não vender posições quando passamos pelos momentos mais críticos do mercado. É normal se sentir desconfortável sobre o que fazer durante uma queda de mercado, especialmente quando estamos próximos da aposentadoria.

No entanto, com vimos na primeira consideração, o mercado sempre volta a subir e entregar retornos positivos. E seja qual for a intensidade, os ativos sempre se se recuperam das quedas.

5) Foco no longo prazo

Para aqueles investidores que se planejaram e têm seus objetivos muito claros, agora é a hora de reiterá-los ainda mais e confiar no longo prazo, apesar das oscilações que o mercado entrega ao longo do tempo.

Um planejamento financeiro adequado aos seus reais objetivos vai te impedir de tomar más decisões no curto prazo e irá te manter na rota do seu plano de longo prazo.

6) Momento propício para revisar o portfólio e esclarecer todas as dúvidas

É importante destacar que uma correção de mercado pode ser uma grande oportunidade para você fazer um revisão do portfólio e rebanceá-lo. Assim, você pode vender parte das posições que apresentam lucro e comprar os ativos momentaneamente baratos que compõem a parte da carteira focada no longo prazo.

O que fazer durante uma queda de mercado: Conclusão

Passando pelo comportamento do investidor, pela matemática financeira e pelos dados históricos nós vemos que não há motivo para tanta preocupação quando o assunto é montar e acompanhar um portfólio de investimentos.

Ademais, é essencial que você saiba, realmente, quais objetivos você busca e se seu portfólio possui o risco e o retorno estimados adequados a eles.

E se você tem dúvidas sobre como montar o seu planejamento financeiro e acompanhá-lo, entre em contato com o nosso especialista hoje mesmo.

Por fim, não deixe de conferir o artigo anterior. Nele apresentamos um exemplo prático de como se monta um planejamento financeiro.

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